terça-feira, 5 de setembro de 2017


Carvalhal

excerto do livro " Mappa de Portugal Antigo e Moderno pelo padre Joao Bautista de Castro Tomo III e IV "

Numa elevação, cuja parte mais alta parece nascer quase ao cimo da encosta sul do monte, onde se situa a povoação da Serra, estende-se o lugar do Carvalhal.
Logo à entrada da parte antiga do povoado, encontramos à beira da estrada, do lado esquerdo, um cruzeiro com a inscrição na base: “ Ó tu, que vais passando, lembra-te de nós que estamos penando”. Diz-me a guia: - “ Chamamos aqui, “ A Cruz”. Antigamente, este local tinha muito má nomeada”.
A proximidade de um cemitério, como é este o caso, infunde sempre respeito, quando não por medo, por vezes pavor, semelhante aos que provocam os vultos imaginários num quarto escuro.
Descendo ao longo da estrada, vemos casas modernas e modernizadas. Pouco resta das antigas e de algumas estreitas passagens por onde nos podemos enfiar, à procura de redutos do passado que ainda permanecem entregues ao tempo.
Há becos sem saída e sendas tão acanhadas, onde não se pode cruzar-se uma pessoa pela outra, entre paredes escuras, escaqueiradas, com telhados desabados, portas e janelas desconjuntadas que não abrem nem fecham, nem é preciso. O interior está á vista. Guarda-o o entulho e as balsas afugentam os curiosos.
Para os desaparecidos proprietários basta-lhes dispor, só que fosse de um canto, onde pudessem aninhar a habitação, no meio ou juntinho do aglomerado existente, depois, ia passando de pais para filhos e com estes, o casario aconchegado ia crescendo.
Aproximadamente, a meio da povoação, também do lado esquerdo da estrada, há um largo chamado “ O Santo”. Assim foi conservada a memória da existência, naquele sítio de uma capela referenciada a 1554101, embora da construção anterior e que ainda subsistia em 1701102. Hoje, no sítio em que a localiza a tradição, está construída uma moradia.
Este espaço estreita-se para nascente, num caminho para a Amoreira e Vila Nova que, além do uso quotidiano, era trilhado de noite, pela rapaziada vinda de regresso dos balhos domingueiros, naqueles lugares.
Aí, também apanhavam fortes sustos, ao passarem “ à oliveira torta”. Ladeira subida e quase a chegar a casa, viam luzes em cenário macabros, alargavam o passo para  mais depressa transporem e fecharem a porta do lar.
Carvalhal, sugere a existência de carvalhos, mas o nome não corresponde á realidade conhecida. Outra árvore, o castanheiro, de um só pé, ou de touças abundou ali e em vastas manchas por toda a freguesia
Esta povoação tem características muito suas, que a tornam diferente do comum. Na medida do possível, esforça-se por ser auto-suficiente. Numa encosta sobranceira, a população abriu um furo artesiano, a partir dele, construiu rede de abastecimento de água para consumo próprio. Tem contadores seus e a receita de contas aberta, isto é, do conhecimento de todos e onde todos têm interesse e têm voz, reverte para eventuais despesas de reparação e outros melhoramentos da sua comunidade.
Com a verba assim acumulada e outras ajudas, os moradores arranjaram a estrada, construíram, à volta de um recinto ou pequeno adro empedrado e arborizado, um salão d convívio e uma simples mas bonita capela, como se fosse a ressurgir da do passado, só que a memória falhou e dedicaram-na a Santo Amaro. Reconhecido o equívoco, foram buscar o antigo orago: Santo André, numa imagem actual
Como ambos são residentes na morada dos bem aventurados, o Carvalhal não os quis separar:dedicou a capela aos dois
Edificios, recinto e arranjos formam um conjunto airoso, onde, em datas combinadas reúnem e convivem com os amigos, como uma grande família, juntam mais dinheiro e pensam em novos empreendimentos
A actriz Glória de Matos tem no Carvalhal  as suas raízes, o malogrado construtor Fernando Abreu, morto pelas FP 25, quando tentava evitar um assalto a uma agencia do Banco Espírito Santo, na Póvoa de Santo Adrião, era deste lugar
Aqui também existiu um Barbeiro-Mor de nome Manuel Nunes, a quem foi concedida licença pela Junta do Proto-Medicato, em 1784, “ para poder sangrar,…etc”103.
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101 Amorim Rosa, Anais do Município de Tomar, (1454-1580);Edição de 1971, p.231.
102 Ibidem, História de Tomar, Vol II, Edição de 1982, p.51.
103 Amorim Rosa, Anais do Município de Tomar, (1771-1800);Edição de 1970, p.173.
Excerto do Livro Freguesia da Serra – á procura da tua História de Ilda Fernandes de Brito, Paginas 78 e 79


Carvalhal ( Serra, Tomar )


Carvalhal é um lugar da freguesia União das Freguesias de Serra e Junceira, concelho de Tomar, distrito de Santarém.
Confina com as localidades de Castelo Novo, Serra, Abadia, Quinta do Filipe, Caramouchel, Portela e Levegada. A sua economia está sobretudo ligada à exploração agrícola e agro-pecuária de subsistência.
Não existem edifícios públicos na localidade, sendo esta servida pelos serviços públicos existentes na Serra e em Tomar.
A Estrada que passa no lugar é a CML 1174-1
O serviço de agua para a comunidade é feita por um furo de água que abastece o lugar

O que podemos visitar

Capela de Santo Amaro e Santo André
Centro Cultural e Recreativo do Carvalhal
Fontenários Públicos
Fonte


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