quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Padre Nosso foi para a cadeia de Tomar

No edifício dos Paços do Concelho também esteve lá a cadeia de Tomar, que funcionava na ala esquerda e na foto podemos ver as grades, algumas singularidades da foto da Praça da republica, na altura Praça D Manuel , funcionava o mercado e não havia a estátua de D Gualdim Pais,
Na foto seguinte José Antunes Sereno , mais conhecido por Padre Nosso, era uma das figuras da nossa cidade, bem conhecido nos finais de 1800 e que talvez os mais velhos da Cidade se lembrem de ouvir falar dele, era um pobre "desgraçado" que pedia esmolas pela cidade, especialmente á porta da Igreja de S Joao Baptista , e por cada 10 Réis recebidos, pagava a esmolinha com um Padre Nosso, e na qual vem dai a sua alcunha.
A sua indumentaria um chapéu de coco, de capa esfarrapada, umas grandes botorras, e de um cajado em cada mão certamente para servir de amparo, na farpela uns saquinhos pendurados, e com umas latinhas de azeite que ia colhendo, barbas cor como a neve e mangas de camisa meio arregaçada, tinha como dormitório o Pateo do Avelar, nas traseiras da câmara na rua Pé da Costa . onde existiu mais tarde uma fabrica de pirolitos . Era ali que fazia a sua casa Dormia e comia, pendurava os seus saquinhos, mas nao era o unico que ali dormia, pois havia mais alguns que dormiam nas mesma condições e dividiam os espaços..
Mas esta figura ao que parece nao era assim muito simpático, talvez por adversidade da vida, mas não tinha lá no fundo um bom feitio, questionava qualquer um sem problema, num dos dias numa confrontação. com o " Topinho "também pedinte e aleijado, e no meio da briga para rematar a desavença, o Padre Nosso puxa de uma faca ferrugenta e vai de espetar no Topinho, e enviando o mesmo para junto do Criador, resultado foi bater com os ossos na cadeia, pelas grades descia a latinha presa por um baraço e pedia aos que por ali passava um pouco de tabaco para fazer o seu cigarrinho, ou mesmo uma esmolinha e la está se lhe fosse favorável , lá rezava o Padre Nosso.
Podia acabar aqui a história, mas não ainda existe mais algumas memórias . A estas bandas da nossa cidade tinha chegado o Perna de Pau, que vinha de Setúbal, no seu vasto currículo sabia se que era um jogador da vermelhinha, desordeiro reconhecido, por o reino deixava o seu nome nas ruas pois não existia feira ou festa que não compra-se uma briga e arraiais de barulho,, e como tal na feira de Santa Cita tão poucas fez que foi parar com o coiro ao Xilindró, justamente para a mesma cela do Padre Nosso. Pois está se mesmo a ver que isto ia dar confusão , claro que sim, Padre Nosso no seu feitio resmungou e o Perna de Pau colocou as suas galfarras , e pô-lo a pão e laranjas, e só não foi repousar para Santa Maria dos Olivais, porque o carcereiro e o guarda municipal, ouvindo a chinfrineira, conseguiram enviar o itinerário ... para o hospital
Em janeiro de 1887 o Jornal Verdade escrevia
"continua nos seus costumados desmandos, na cadeia desta Cidade, onde se acha cumprindo sentença, o conhecido gatuno « Perna de Pau ». Uma destas noites foi tal a algazarra que fez, que alvoraçou toda a vizinhança, quando acabará o fadário"
Em 2 de junho de 1887 o Jornal Verdade escrevia
" Em 2 de Abril foi julgado novamente o « Perna de Pau » bêbado, Desordeiro e jogador de vermelhinha, muito conhecido e natural de Setúbal, Era acusado de , quando na cadeia. a cumprir pena, de espancar o preso José Antunes Sereno , o « Padre Nosso» . Foi condenado a 6 meses de prisão e mais 30 dias de multa a 100 Réis cada dia"
O fadário da vizinhança foi mais prolongado do, que se esperava, e o "padre Nosso" matador do pobre aleijado "Topinho" com a faca ferrugenta. foi condenado a duas penas, , pelo tribunal á cadeia, e por deliberação do "perna de Pau" um excerto de porrada

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