Serra
História maravilhosa de uma viagem a Trás os Montes
Vive aqui na Serra, há mais de 30 anos, um homem conhecido por "tremelicas" que não sabia a sua idade nem o seu nome completo, nem conhecia os seus familiares, pois os dados que apresentava eram muito vagos até pela grande dificuldade que tem em falar. Dizia, com esforço que era de Serva.
O Prior João Rodrigues Frade, escreveu há um ano para o seu colega dessa freguesia, a pedir a identificação da dita família e recebeu como resposta que com os dados fornecidos e depois de consultar os livros de assentos existentes no Registo Civil nada se encontrava.
Sendo assim, o " Tremelica " continua a ser só o " Tremelica ".
Dispusemos-nos a levar o Tremelica a Trás os Montes, á procura de alguém que fosse capaz de conhecer a família e seguimos Domingo dia 8 do corrente ( Fevereiro), à tarde, rumo aquela província do norte de Portugal. Chegamos a Vila Real , pelas 20 Horas, onde procuramos pensão para comer e dormir. Pensão com restaurante havia, quartos também, mas com três camas cada um. Como queríamos dormir separados era muito caro, só dormida 150$00 cada um. Resolvemos procurar outras, mas tudo na mesma e ao regressarmos à primeira, pelas 22 horas, só conseguíamos dormida, pois já não havia jantar. bebemos um galão e comemos Bolachas.
Ás 8 da manhã seguimos viagem rumo ao desconhecido...
chegamos a Serva procuramos a estrada para Ribeira de Pena, subimos a Serra e descemos rumo a Barca de Alva, que dista ainda 25 Km. Primeira Terra: Lixado do Alvão, primeiras pessoas a ver, mostramos fotografia do Tremelica e perguntamos por um homem que tinha alcunha de " Chita " - " não conhecemos. Havia cá um que era pedreiro e se chamava Cita, era da Serva".
Tínhamos Apanhado o fio da meada. - Em que casa viveu ?
- " Viveu numa terrinha ali mais atrás chamada Paredes do Alvão".
Voltamos para trás onde tivemos encontros com pessoas que o conheceram. Conheciam o Pai e a Madrasta, pois o Pai tinha ali casado e vivido, de onde o Tremelicas tinha abalado na companhia de "parodiantes", no dizer de moradores da terra, mas que supomos que fossem saltimbancos, para nunca mais ser visto, nem voltado isto há trinta e tal anos.
- " Nesta terra nasceram mais irmãos paternos".
- " Onde vivem esses irmãos e a madrasta ?"
- " Uns em França, outro nas minas de Alfarela, Campos de Gal..
Voltamos para trás 30 Quilómetros, a minas de Gal procurar irmãos. A irmã mais nova chamada Piedade tem 7 filhos. Ao procurarmos se sabia que tinha um irmão chamado Agostinho disse que sabia, por o pai lho ter dito, mas nunca o tinha visto, ou não se lembrava de o ter visto. Quando lhe dissemos ser aquele abraçou-o e beijou prolongadamente.
Depois de lhe passar a emoção, disse que naquela noite sonhara que ele tinha batido á sua porta e entrara pela casa dentro. E agora aparece. " eu nem quero crer". E a chorar: " bêm-mo cá deixar, não bêm? Eu cá trato dele, xô pobrezinha mas trato dele".
Como havia muitos miúdos, procurarmos saber quais eram os seus.
- "olhe esta é a mais velha, não trabalha, está em casa, este tem 16 anos, está a servir e ganha 500$00 por mês; tenho outro com 18 anos, anda cá a trabalhar nas obras e ganha 25$00 por dia; e mais estes pequeninos o mais novo com dois anitos",
Fomos em seguida ao Registo Civil de Ribeira de Pena. Depois da respectiva busca, lá estava a sua identificação : Agostinho Ribeiro de Andrade, filho de Domingos José Ribeiro e de Maria Andrade, nascido na freguesia de Serva, concelho de Ribeira de Pena em 26 de Agosto de 1914.
Viagem maravilhosa no que ela encerra e missão cumprida.
Lembramos ainda que este Tremelica, moirejou nestas paragens há muitos anos a servir, a guardar gado, etc. e hoje encontra-se internado por invalidez no Centro de Assistência Lar N.ª S.ª da Purificação da Serra de Tomar
O Prior João Rodrigues Frade, escreveu há um ano para o seu colega dessa freguesia, a pedir a identificação da dita família e recebeu como resposta que com os dados fornecidos e depois de consultar os livros de assentos existentes no Registo Civil nada se encontrava.
Sendo assim, o " Tremelica " continua a ser só o " Tremelica ".
Dispusemos-nos a levar o Tremelica a Trás os Montes, á procura de alguém que fosse capaz de conhecer a família e seguimos Domingo dia 8 do corrente ( Fevereiro), à tarde, rumo aquela província do norte de Portugal. Chegamos a Vila Real , pelas 20 Horas, onde procuramos pensão para comer e dormir. Pensão com restaurante havia, quartos também, mas com três camas cada um. Como queríamos dormir separados era muito caro, só dormida 150$00 cada um. Resolvemos procurar outras, mas tudo na mesma e ao regressarmos à primeira, pelas 22 horas, só conseguíamos dormida, pois já não havia jantar. bebemos um galão e comemos Bolachas.
Ás 8 da manhã seguimos viagem rumo ao desconhecido...
chegamos a Serva procuramos a estrada para Ribeira de Pena, subimos a Serra e descemos rumo a Barca de Alva, que dista ainda 25 Km. Primeira Terra: Lixado do Alvão, primeiras pessoas a ver, mostramos fotografia do Tremelica e perguntamos por um homem que tinha alcunha de " Chita " - " não conhecemos. Havia cá um que era pedreiro e se chamava Cita, era da Serva".
Tínhamos Apanhado o fio da meada. - Em que casa viveu ?
- " Viveu numa terrinha ali mais atrás chamada Paredes do Alvão".
Voltamos para trás onde tivemos encontros com pessoas que o conheceram. Conheciam o Pai e a Madrasta, pois o Pai tinha ali casado e vivido, de onde o Tremelicas tinha abalado na companhia de "parodiantes", no dizer de moradores da terra, mas que supomos que fossem saltimbancos, para nunca mais ser visto, nem voltado isto há trinta e tal anos.
- " Nesta terra nasceram mais irmãos paternos".
- " Onde vivem esses irmãos e a madrasta ?"
- " Uns em França, outro nas minas de Alfarela, Campos de Gal..
Voltamos para trás 30 Quilómetros, a minas de Gal procurar irmãos. A irmã mais nova chamada Piedade tem 7 filhos. Ao procurarmos se sabia que tinha um irmão chamado Agostinho disse que sabia, por o pai lho ter dito, mas nunca o tinha visto, ou não se lembrava de o ter visto. Quando lhe dissemos ser aquele abraçou-o e beijou prolongadamente.
Depois de lhe passar a emoção, disse que naquela noite sonhara que ele tinha batido á sua porta e entrara pela casa dentro. E agora aparece. " eu nem quero crer". E a chorar: " bêm-mo cá deixar, não bêm? Eu cá trato dele, xô pobrezinha mas trato dele".
Como havia muitos miúdos, procurarmos saber quais eram os seus.
- "olhe esta é a mais velha, não trabalha, está em casa, este tem 16 anos, está a servir e ganha 500$00 por mês; tenho outro com 18 anos, anda cá a trabalhar nas obras e ganha 25$00 por dia; e mais estes pequeninos o mais novo com dois anitos",
Fomos em seguida ao Registo Civil de Ribeira de Pena. Depois da respectiva busca, lá estava a sua identificação : Agostinho Ribeiro de Andrade, filho de Domingos José Ribeiro e de Maria Andrade, nascido na freguesia de Serva, concelho de Ribeira de Pena em 26 de Agosto de 1914.
Viagem maravilhosa no que ela encerra e missão cumprida.
Lembramos ainda que este Tremelica, moirejou nestas paragens há muitos anos a servir, a guardar gado, etc. e hoje encontra-se internado por invalidez no Centro de Assistência Lar N.ª S.ª da Purificação da Serra de Tomar
Luis dos santos Miguel
20/2/1976
20/2/1976
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